28/08/2009

A gata da minha tia nunca mais foi a mesma

Passo a explicar. A minha tia vivia na Reboleira, em 1994. A entrada da casa era um corredor enorme que depois tinhas as divisões todas para a esquerda: a sala, a cozinha e os dois quartos. A casa de banho era no final do corredor, como em quase todos os apartamentos desse prédio nos subúrbios de Lisboa.

O Benfica tinha empatado em casa, duas semanas antes, com uns alemães que eram mais conhecidos por serem os donos da Aspirina, do que propriamente por jogarem à bola, e mesmo assim, o Benfica tinha tido dificuldades para lidar com tamanha estirpe alemã.

Nessa altura, a minha tia tinha uma gata, Meggie de seu nome. Não tinha uma raça definida, mas a pele era tigreza, com traços laranjas e pretos. Era uma gata não muito dócil, mas sociável, quanto mais não fosse porque fazia companhia na sala.

Sala essa, que nesse final de tarde ficou por minha conta. O meu tio chegava tarde do trabalho, a minha tia não ligava à bola e os meus pais viriam mais para o fim da tarde, já noite, para jantar.

O jogo começou e o Benfica fraquejou. Neno estava em grande na altura a sair-se nos cantos e assim mamámos dois golos que eu pensei logo que íamos à vida. É quando o Abel Xavier se lembra de mandar aquela bomba a reduzir que fiz a primeira corrida ao longo do corredor para festejar o golo do Benfica. Durante o resto da noite corri o corredor mais 3 vezes e a gata da minha tia, ao final do segundo golo foi para debaixo da cama dela, sem nunca mais aparecer, quer na sala, quer em qualquer outra divisão da casa.

Final do jogo: 4-4. Passagem às meias-finais e a Maggie nunca mais foi a mesma. Dizia a minha tia que quando ia alguém lá a casa, a gata automaticamente refugiava-se no seu esconderijo e nunca mais aparecia. Nunca mais foi a mesma. E ainda bem. Foi o sinal de que o Benfica tinha cumprido a sua parte.

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