10/11/2009

O Benfica é isto!

Quando se é adepto do Benfica, mesmo o mais ateu encontra uma fé qualquer que faz com que a bola entre dentro da baliza. Não interessa como, interessa é que entre!

Outras das coisas que o adepto do Benfica estava habituado era que quando a equipa entra em campo, a vitória é certa. A única coisa que não se sabe é por quantos. Este ano, Jesus e os jogadores voltaram a colocar na cabeça, na emoção e no coração dos benfiquistas essa certeza. Ontem demorou mais um bocadinho.

Quando vi a Naval a entrar em campo e sempre que apanhava uma bola a chutava para a frente para o Benfica atacar de novo, pensei que os jogadores da Naval eram todos do Benfica (menos o guarda-redes), já que convidavam o Benfica a atacar, para marcar um golo e ver como é que a equipa encarnada se comportava.

Era impressionante que só uma equipa atacava e a outra ajudava, já que os seus "charutos" faziam com que o Luisão ou o David Luiz apanhassem de volta a bola e a colocassem no ataque para mais uma tentativa de golo.

O tempo foi passando e nada. Qualquer gaurda-redes consegue ser o melhor do mundo na Luz. A quantidade de defesas que faz em cada jogo, para no outro a seguir ser o pato de serviço é daquelas coisas que me faz confusão compreender. Peiser ou o caralho como se chama teve direito a isso ontem. Teve direito até ao minuto 89, quando ele julgava que os adeptos do Benfica, cansados de esperar pelo golo que não aparecia, quando é marcado o livre, se lembraram todos de gritar pelo "Benfica". Deve ter sido isto que o confundiu e o levou a desconcentrar-se para levar com uma cabeçada de um espanhol, que para além de trinco também sabe jogar de cabeça e com ela já meteu três batatas neste campeonato.

Foi o salto para as pessoas que se aguentaram no estádio e não saíram aos 80 minutos (como vi muitos...). Foi o salto para, ao festejar o golo, ter gritado "Benfica" a plenos pulmões até ficar rouco. Foi o salto para o Benfica estar em primeiro lugar ex-aequo com o FC Porto B.

Foi o salto que deu para ver que temos equipa para fazer coisas bonitas esta época (agora parecia o Artur Jorge a falar..vade retro, maldição).

O Benfica é isto! Deixa-me lá ir ali buscar umas pastilhas para a garganta...

07/11/2009

And now for something completely different...












Procura-se Treinador de Futebol.


Requisitos: Ter trabalhado com José Mourinho, não importa o tempo e função. Pode ter sido seu adjunto, olheiro, motorista, engraxador de sapatos, empregado de limpeza, carpinteiro ou até seu jardineiro..
É este o novo lema lá pelos lados de Alvalade... desde que ouvi em primeira mão que o preferido da direcção de Alvalade era Villas-Boas.

É hilariante ao rídiculo que isto chega... depois de Vítor Pontes (que trabalhou com Mourinho em Leiria) e José Carlos Pereira que estagiou com o Special One, eis que o clube dos viscondes está em vias de ir buscar um treinador que fez 2 jogos apenas como treinador principal pela Académica que já é considerado o novo Mourinho (aonde é que eu já vi isto?)... Já agora eu pergunto, porque não Baltemar Brito? Afinal sempre foi seu adjunto, braço direito hehehehe.
Enfim, ao ponto que chega o desespero.

Mas continuando caros amigos, eu sugiro um dream team para o lados do WC gigante de Alvalade: Treinador - Jorge Gabriel, sim, o Buzz man. Treinou o Arouca (esse mítico clube) deixando o clube depois de uma subida de divisão em choque com a direcção. Desde que vi a capa do 24 horas com ele a desancar o Paulo Bento (com tranquilidade...) e que ele faria melhor e merecia uma oportunidade que sonho com este momento hehehehe. Já agora como adjunto podiam chamar o Octávio Machado (vocês sabem do que estou a falar...) e para acabar, a cereja em cima do bolo, Sá Pinto como preparador físico (ou vocês correm, ou vou-vos à tromba como fui ao Artur Jorge)

Agora mais a sério, adorei a entrevista do Paulo Bento (provavelmente será treinador dos bimbos na próxima época, vão por mim...) à TVI, onde apenas realçou dois factos: Só existe dois clubes em Portugal ( O Benfica e os Anti-Benfica ) e que eles só pensam em nós e até ficam abalados quando jogamos muito à bola hehehehe (aqui ficam 2 frases chaves de ontem do Paulo Bento e alguns realçes da minha parte):

"Houve uma depressão muito grande devido à pré-temporada do Benfica". - Depressão? Eu digo é que a jogar sempre assim, o Benfica acabava com a crise económica neste país hehehehe

"desde 1960, só ganhou oito campeonatos... o clube não tem cultura vencedora" - Ah pois é investiguem... Para mim não foi novidade, afinal só um existe um clube grande em Portugal hehehe

Paulo Bento 2 - Sporting 0... com tranquilidade

Viva o Benfica!

24/10/2009

Isto é o Benfica

Depois do festival de futebol que demos quinta-feira aos ingleses e que tanto me orgulhou e me fez lembrar outros tempos, decidi partilhar convosco este excelente e arrepiante vídeo do Sr. Guilherme Cabral.

Não há palavras para descrever... Isto é o Benfica.

Andamos contentes

É verdade, o Benfica ganha, goleia e ainda se dá ao luxo de abrandar quando quer. Estamos imparáveis!!!
Também estamos em Outubro, e ainda falta Novembro, Dezembro, Janeiro, Fevereiro, Março, Abril e Maio, acrescidos de 22 jogos da Liga Sagres, 12 jogos da Liga Europa, 6 da Taça de Portugal e 5 da Taça da Liga para ganharmos tudo o que há para ganhar!
A confiança é tanta, que as apostas já se fazem em saber em quanto é que acaba o jogo e quantos golos marca o Benfica.

Estamos a jogar bem, mas ainda é cedo para as euforias desmedidas. Portanto, vamos lá a ver se é desta que o Nacional vai para a Madeira com um cacho cheio de bananas, ok?

11/09/2009

9º Maior clube do Século XX

O Benfica foi eleito o nono maior clube no ranking Clube Europeu do Século divulgado, esta quinta-feira, pela Federação Internacional de História e Estatística do Futebol (IFFHS), encabeçado pelo Real Madrid.

Não me surpreende... e sermos só o nono, até me sabe a pouco para ser sincero... porque tinhamos capacidade para mais.

Continuo a acreditar que ainda podemos ser maiores, não só em adeptos mas especialmente em títulos... quero de volta um Benfica papa-títulos e sempre sério candidato a uma final europeia.
Ainda no início dos anos 90, lembro-me de ver num jornal uma tabela que mostrava que eramos o 2º clube europeu com mais finais dos campões europeus....

É este o Benfica que tenciono ver de volta um dia... um Benfica com jogadores que deixavam a pele em campo, que colocavam o clube antes de si mesmo... um Benfica que move paixões e que me volte a trazer viva a imagem que ainda tenho de um Estádio da Luz mais que cheio (130.000 pessoas) contra o Steaua de Bucareste em 1988. Recordo-me que tive que entrar no estádio às 15 horas para arranjar um bom lugar, levavamos uma mala cheia de comida e foi uma tarde bem passada. Uma imagem também me ficou guardada na memória: Mozer no centro do relvado no final da partida a chorar e a agradecer aos adeptos...

Isto é o Benfica!

09/09/2009

Os Velhos do Restelo

Se há clube que tenta vezes sem conta descer de divisão, esse clube é o Belenenses. E se há clube que odeia tanto o Benfica, esse clube também é o Belenenses. E se há clube em que a expressão "Velhos do Restelo"assenta tão bem, esse clube é o Belenenses. E ainda, se há clube qunado joga com o Benfica, é como se fosse o fim do mundo, esse clube é o Belenenses.

Tudo isto serve para antecipar o próximo jogo do Benfica, que é contra quem? O Belenenses, pois claro!

Como os azuis (os de cima e os de baixo) se espumam de raiva sempre que jogam contra o vermelho, apenas queria fazer aqui um pedido singelo ao Aimar:

"Pablito, em vez de colocares a bola por cima do último defesa, como fizeste na última jornada, faz um cruzamento de rabona para o Weldon marcar de pontapé de bicicleta! Afinal, ele está habituado a marcar no Estádio do Restelo!"

É simples, vais ver que não custa nada e os pastéis vão saber ainda melhor...

28/08/2009

A gata da minha tia nunca mais foi a mesma

Passo a explicar. A minha tia vivia na Reboleira, em 1994. A entrada da casa era um corredor enorme que depois tinhas as divisões todas para a esquerda: a sala, a cozinha e os dois quartos. A casa de banho era no final do corredor, como em quase todos os apartamentos desse prédio nos subúrbios de Lisboa.

O Benfica tinha empatado em casa, duas semanas antes, com uns alemães que eram mais conhecidos por serem os donos da Aspirina, do que propriamente por jogarem à bola, e mesmo assim, o Benfica tinha tido dificuldades para lidar com tamanha estirpe alemã.

Nessa altura, a minha tia tinha uma gata, Meggie de seu nome. Não tinha uma raça definida, mas a pele era tigreza, com traços laranjas e pretos. Era uma gata não muito dócil, mas sociável, quanto mais não fosse porque fazia companhia na sala.

Sala essa, que nesse final de tarde ficou por minha conta. O meu tio chegava tarde do trabalho, a minha tia não ligava à bola e os meus pais viriam mais para o fim da tarde, já noite, para jantar.

O jogo começou e o Benfica fraquejou. Neno estava em grande na altura a sair-se nos cantos e assim mamámos dois golos que eu pensei logo que íamos à vida. É quando o Abel Xavier se lembra de mandar aquela bomba a reduzir que fiz a primeira corrida ao longo do corredor para festejar o golo do Benfica. Durante o resto da noite corri o corredor mais 3 vezes e a gata da minha tia, ao final do segundo golo foi para debaixo da cama dela, sem nunca mais aparecer, quer na sala, quer em qualquer outra divisão da casa.

Final do jogo: 4-4. Passagem às meias-finais e a Maggie nunca mais foi a mesma. Dizia a minha tia que quando ia alguém lá a casa, a gata automaticamente refugiava-se no seu esconderijo e nunca mais aparecia. Nunca mais foi a mesma. E ainda bem. Foi o sinal de que o Benfica tinha cumprido a sua parte.

19/08/2009

O relvado da Nação

Diz a história que Cardozo e Aimar se dão bem com os ares de Guimarães. O ano passado, o palhaço lembrou-se da "rabona" e deu a Suazo uma auto-estrada para meter um dos golos com que o Benfica foi ganhar a Guimarães. Há dois anos, tinha sido Cardozo, que com um livre quase do meio-campo tinha mandado os de Guimarães calarem-se. Este ano, já o paraguaio teve uma oportunidade para mostrar que continua a saber marcar livres.
Por isso, a conclusão desta história é fácil de saber: basta colocarem os dois a jogarem no Domingo e é certinho: aquele relvado é para eles!

Que o show comece e entretanto, amanhã, sem se esforçarem muito, metam lá duas batatas para irmos descansados à Ucrânia...

10/08/2009

Foi há 10 anos

Que Michel Preud'Homme, o melhor guarda-redes que vi defender ao vivo a baliza do Benfica, decidiu colocar um ponto final na sua brilhante carreira, ao serviço do nosso clube.
De há dez anos para cá, jamais a baliza do Benfica teve um terço da qualidade que Michel trouxe para Portugal.
Depois do Mundial de 1994, e após o Benfica ter sido campeão com Neno e Silvino (!!!), julgava-se que se iria começar uma corrente vitoriosa, justamente numa posição onde o Benfica apresentava lacunas visiveis.
Durante 5 anos, Michel Preud'Homme honrou e brilhou a camisola do Benfica como só os grandes sabem. E ele era grande, enorme mesmo.
Com as mantas de retalhos que apanhou em cinco anos de gestão danosa ao nível humano e financeiro do clube, Michel respondeu sempre com classe, com a sua classe de "felino" a defender bolas impossíveis e a só conseguir uma estúpida Taça de Portugal, para tamanha capacidade técnica.
Michel foi dos poucos que sabia ao que vinha e para o que vinha: para o Sport Lisboa e Benfica, o maior clube de Portugal e um dos maiores da Europa.
Foi há dez anos, e ainda deixa tantos saudades...

20/07/2009

Memórias III

Decorria o dia 25 de Abril de1991 (ou pelo menos era fim-de-semana prolongado devido ao feriado) e lembro-me desse acontecimento, como se fosse uma revolução, não de cravos, mas dos vermelhos de Lisboa, na deslocação às Antas.
Estava em Melgaço, em casa daqueles que viriam a ser meus padrinhos de casamento e preparava-me para apanhar o expresso para Lisboa, quando começava o FC Porto - Benfica. Só depois é que vieram a lume as famigeradas histórias de Guarda Abel, balneário impestado, ameaças físicas, etc, tudo ingredientes próprios de um filme da saga do Padrinho, do que propriamente de um jogo de futebol.
No decorrer da viagem até ao Porto, que na altura demorava duas horas, o relato do jogo em pleno autocarro. As minhas unhas iam sendo roídas ao mesmo tempo que o jogo se desenrolava. E quando César Brito marcou os dois golos, os meus pais, pacientemente, pediram para eu me acalmar aquando do festejo dos mesmos.

Do Porto até Lisboa, foi um prazer ver os carros na direcção da capital com as bandeiras do Benfica na janela, orgulhosamente exibidas com a sensação do dever cumprido.
Mais tarde, quando a história foi contada, viu-se que a vitória daquela equipa, nas condições em que foi, foi de heróis, daqueles valentes, que vão para uma guerra e que saem de lá todos incólumes e transformados em ícones.
Para além da vitória, foi a demonstração do poder do Benfica, da força do clube na altura e da importância que teve.

É esse Benfica que quero ver novamente. É esse Benfica que perdura nas minhas memórias...

19/07/2009

Os troféus

O Benfica ganhou ontem o Torneio do Guadiana. Já o tinha ganho em 2002 e em 2007. O que é que quer dizer isso em termos práticos? Nada!

Porque nesses anos, quem ganhou o Campeonato foi o FC Porto!

E aí está a diferença. É raro o FC Porto participar em torneios, e mesmo assim quando participa, não os ganha. Porque as presenças em torneios serve para criar rotinas, aprimorar métodos de jogo e fazer com que a equipa mostre alguma solidez atacante e defensiva.

Nos últimos anos tem sido assim. O Benfica ganha os troféus de Verão e os outros os troféus de Inverno / Primavera. E o Benfica que eu conheço e conheci não é o Benfica dos troféus de Verão. É o Benfica dos troféus de Inverno / Primavera.

É o Benfica que mostra solidez, força e convicção de que é o maior de Portugal e que para manter esse estatuto tem de ter uma forte personalidade e fazer-se respeitar. Foi assim com várias equipas, foi assim com vários Presidentes e é assim que mostra que é uma equipa capaz.

O Benfica dos troféus é o Benfica que enche o Jamor, é o Benfica que enche o Estádio da Luz e os demais, é o Benfica que movimenta a economia do país.

Obviamente que é bom que ganhe troféus de Verão, mas não faça disso uma prioridade, senão, os troféus de Inverno / Primavera serão dos outros...

16/07/2009

Memórias II

Em 1990, quando me fiz sócio do Benfica com 12 anos, tinha a secreta esperança de poder ir ver os jogos sozinho à Luz. Havia um grande problema. morava na Margem Sul e nem os meus pais eram muito aficionados da bola, nem me deixavam ir sozinho para Lisboa.
Só ia acompanhado por pessoas mais velhas e foi assim que em 1991 vi o Benfica ganhar 3-1 ao Beira-Mar na última jornada e vi Rui Águas sagrar-se Bola de Prata, numa luta com Domingos, que só na última jornada marcou 4 golos e estava quase a ameaçar o nosso "matador" da altura.
Porém, dois anos depois, com maior autonomia comecei a convencê-los paulatinamente que iria à Luz sozinho, quisessem eles ou não.
Para ir para Lisboa, tinha de fazer o seguinte percurso. Apanhava o autocarro na Margem Sul até Cacilhas, de lá apanhava o barco até à Praça do Comércio, fazia a pé a Rua Augusta e apanhava o metro nos Restauradores em direcção ao Colégio Militar.
Não havia metro no Cais do Sodré ou na Praça da Figueira, não havia comboio na ponte, nem as facilidades que existem hoje em matéria de transportes.
A rotina era quase sempre a mesma. Aproveitava-se também o facto de haver jogos com bilhetes de sócio, que na maioria das vezes, não se pagava, e lá ia eu todo contente para o Estádio, para o sector dos sócios acompanhar o Benfica.
Vi nascer os No Name Boys, vi acabar a Raça Benfiquista, mas vi sobretudo crescer a minha capacidade de "desenrasque" ao ir para a Luz sozinho ver o Glorioso.
Depois do jogo, nova epopeia no regresso a casa. 2 horas de e para a Margem Sul, ou seja, 4 horas perdidas em transportes com um único objectivo: ver o Benfica na Catedral e ganhar. Era isso que me movia...

14/07/2009

Memórias I

Corria o ano de 1993 e Portugal acordava abalado numa noite de Verão. Paulo Sousa e Pacheco tinham rescindido o contrato com o Benfica, assim como João Vieira Pinto. O Sporting, prontamente se predispôs a acolher os três jogadores. Paulo Sousa e Pacheco assinaram em Alvalade quase no mesmo instante em que o fax com a rescisão de contrato tinha chegado à Luz. João Pinto andava em parte incerta.
O resto da história é conhecida e convém relembrar uma situação que só há pouco tempo foi escrita. Rui Costa recusou a oferta de Sousa Cintra, porque não queria abandonar o clube que o acolheu aos 10 anos. Rui Costa é da Damaia, bem pertinho da Luz. Paulo Sousa é de Viseu e Pacheco é do Algarve. Vontades...

Ficou Toni, o do costume, quando a crise apertava para os lados da Luz. Era um homem da casa, conhecia bem os cantos e sabia o que era a "mística" do clube. A "mística", essa palavra tantas vezes dita sem se saber exactamente o que ela vale.

Nesse ano, o Benfica anda aflito. Não tinha dinheiro, era o mais fraco dos três grandes, estava na penúria e seria muito difícil ganhar o campeonato. Ainda por cima, tinha muitos ex-juniores, como Nuno Afonso, Kennedy e Pedro Henriques, para além de ter conseguido manter João Pinto e ter ido buscar ao Brasil um rapaz chamado Ailton, que ninguém conhecia. Estava traçado o destino, e segundo as crónicas da altura, o Sporting ia limpar o campeonato sem espinhas.

Porém, logo na primeira jornada, havia um FC Porto - Benfica, e a exibição da equipa de vermelho foi das mais excitantes que vi, nos últimos anos, em covil adversário. 3-3 foi o resultado final com um Isaías já a provar que o Benfica não iria abaixo como queriam que ele fosse.

Segunda jornada e recebíamos o Estoril em casa, a horas em que havia sol e não havia transmissões na TV. Presa fácil, dizia-se na altura, com uma equipa a vir da 2ª divisão e depois de ter empatado nas Antas, a goleada era o mínimo. Novo empate, desta vez a 2. E logo começaram os discursos da desgraça, da penúria, de ser uma equipa fraca e sem espírito capaz de aguentar o campeonato inteiro. O discurso estava pronto e a matança quase a completar-se.

E a terceira jornada deu outro empate, desta vez com o Beira-Mar. 3 jogos, 3 empates, 3 pontos. O destino estava fatalmente traçado, só que da 4ª à 10ª Jornada, o Benfica começou a engatar e a vencer, com algumas dificuldades, mas vencia. O estigma do Toni, da vitória sobre o apito final, que sempre considerei vitória do querer, da conquista, da procura da glória.

Até que apareceu Yekini e em três golos desbaratou a equipa que ia em ritmo de vitória. Copiosamente derrotado em Setúbal por 5-2, Toni decidiu que o seu esquema iria ter um "trinco" e em boa altura pensou. Kulkov foi o eleito e o pêndulo que guiava a equipa. Suportava Rui Costa no meio-campo, tinha Paneira na direita e Isaías na esquerda, João Pinto no apoio ao avançado que tanto era Ailton, como Yuran ou ainda Rui Águas. A equipa carborava e conseguiu 7 vitórias seguidas, destacando-se uns 5-1 em Famalicão.

Ao mesmo tempo, na Europa, a passada era longa e estava bem encaminhada. Toni dava-se ao luxo de colocar jogadores e a equipa não se ressentir, levando pessoas à Luz, sempre com a ânsia de vencer.

A época acabava com o 6-3 de Alvalade e com a criação do ícone João Vieira Pinto, que como sempre, no Benfica, só quando morrer, será lembrado como um dos que mais fez para dignificar a camisola encarnada, enquanto outros a tentavam denegrir.

Lembrar resultados como os 2-0 ao FC Porto em casa, os 2-1 ao Sporting, também em casa, os 4-4 de Leverkusen, os inevitáveis 6-3 de Alvalade, os 8-0 ao Famalicão, não foram obra do acaso.

Foram obra de Toni (que uniu o plantel, quando era mais preciso), de Veloso (que era o avô dos meninos), de um menino chamado Rui Costa (que aprendeu de vez o que era o Benfica), de um senhor chamado Vitor Paneira, de um Mozer (que dava umas chapadas quando era preciso) e de outros, que apesar de serem menos importantes, foram-no na medida exacta.

O campeonato de 1993/94 teve esse condão. De mostrar do que é feito o Benfica, pelas pessoas que gostam do Benfica. Da procura pela mística e pela paixão que deram ao clube, em cada dez anos, deveriam ser homenageados. Pelo que deram e pelo que poderiam dar ainda, se lhes dessem oportunidade...

O ADN

Tinha 6 anos quando fui pela primeira vez à bola. Era e é assim que se diz: "Ir à bola!", não é ver futebol, apreciar o futebol e falar em transições, basculações e outras "ões", que tiram o verdadeiro valor da bola. Daquilo que nos faz andar quilómetros para vermos o clube de eleição, das discussões à segunda-feira inconsequentes à espera de uma segunda volta na segunda-feira seguinte. É isso o "Ir à bola!".
E lembro-me bem onde foi. Ao Estádio do Restelo. Como na altura morava mais com os meus avós do que com os meus pais, o meu avô materno lembrou-se de me levar de Algés ao Restelo, a pé. Para ver o Benfica. A meio do caminho, a compra da bandeira, em vermelho vivo, com um pau de madeira, tendo o símbolo do clube rodeado por uma coroa de louros em tons amarelados, como que a prestar homenagem a um imperador, que neste caso, era representado pelo símbolo do maior clube português.
De caminho e em passo apressado, tentava descobrir o que é que, para além de mim e do meu avô, aquelas pessoas ao meu lado, faziam em 1984, num domingo à tarde, a subir a Av. das Descobertas com o objectivo de ver um jogo de futebol e qual a importância. Obviamente, que celebrei o golo de Maniche e vi o Belenenses empatar. Mas o objectivo das pessoas, só senti dois anos mais tarde.
E com o mesmo avô, com a ainda sua "doença" vermelha, nos pusemos a caminho do Estádio da Luz, para vermos a meia-final da Taça dos Campeões Europeus (só lá jogavam os Campeões) contra o Steaua de Bucareste, é que senti o mesmo que as outras pessoas.
Os dois golos do Rui Águas, a informação no placard electrónico de que, ao intervalo, o PSV estava em vantagem perante o Real Madrid na eliminatória, fazendo-nos sonhar no terceiro caneco e as emoções no final do jogo, com os festejos, fizeram com que tomasse a decisão que ainda não tinha tomado: ser do Benfica!
E entender que para ser do Benfica, era preciso ser mais do que festejar, era necessário ganhar, e se não fosse por mais de 4, era porque a nossa exigência era fraca e ficaríamos habituados a pouco, diminuindo assim a nossa exigência.
É por isso que mesmo que o Benfica ganhe e bem, há sempre algo que tem de ser mudado. Há sempre algo para acrescentar, porque a goleada não foi à Benfica.
É esse o ADN!
É esse o espírito!

Vermelha é a cor

Da paixão, do amor, do Benfica, da groselha, dos comunistas, das papoilas, do sangue!

Vermelha é a cor cativa neste local plantado pelas palavras singelas que irão ocorrer.

Vermelho é este cativo, onde me sento para contar o mundo, as histórias e tudo o que nos rodeia.

Bem-vindos!