16/07/2009

Memórias II

Em 1990, quando me fiz sócio do Benfica com 12 anos, tinha a secreta esperança de poder ir ver os jogos sozinho à Luz. Havia um grande problema. morava na Margem Sul e nem os meus pais eram muito aficionados da bola, nem me deixavam ir sozinho para Lisboa.
Só ia acompanhado por pessoas mais velhas e foi assim que em 1991 vi o Benfica ganhar 3-1 ao Beira-Mar na última jornada e vi Rui Águas sagrar-se Bola de Prata, numa luta com Domingos, que só na última jornada marcou 4 golos e estava quase a ameaçar o nosso "matador" da altura.
Porém, dois anos depois, com maior autonomia comecei a convencê-los paulatinamente que iria à Luz sozinho, quisessem eles ou não.
Para ir para Lisboa, tinha de fazer o seguinte percurso. Apanhava o autocarro na Margem Sul até Cacilhas, de lá apanhava o barco até à Praça do Comércio, fazia a pé a Rua Augusta e apanhava o metro nos Restauradores em direcção ao Colégio Militar.
Não havia metro no Cais do Sodré ou na Praça da Figueira, não havia comboio na ponte, nem as facilidades que existem hoje em matéria de transportes.
A rotina era quase sempre a mesma. Aproveitava-se também o facto de haver jogos com bilhetes de sócio, que na maioria das vezes, não se pagava, e lá ia eu todo contente para o Estádio, para o sector dos sócios acompanhar o Benfica.
Vi nascer os No Name Boys, vi acabar a Raça Benfiquista, mas vi sobretudo crescer a minha capacidade de "desenrasque" ao ir para a Luz sozinho ver o Glorioso.
Depois do jogo, nova epopeia no regresso a casa. 2 horas de e para a Margem Sul, ou seja, 4 horas perdidas em transportes com um único objectivo: ver o Benfica na Catedral e ganhar. Era isso que me movia...

1 comment:

antonioarcorreia said...

Grande Post. Nostálgico

Faz-me recordar a primeira vez que fui ao estádio da Luz ver o Benfica vs Anderlecht, tinha eu 10 anos. Ainda me recordo bem dessa noite o quanto encantado estava de ir ver ao vivo o meu Benfica... comprei o cachecol, a bandeira e até um autocolante a uma senhora que fazia um peditório na rua... tudo em nome do meu amor ao Benfica.

Do jogo, relembro bem do golo do chiquinho, estava mesmo atrás da baliza nessa noite... da festa imensa no estádio, do orgulho de fazer parte desta família e do meu constante agitar da bandeira e de gritar Viva ao Benfica.