14/07/2009

O ADN

Tinha 6 anos quando fui pela primeira vez à bola. Era e é assim que se diz: "Ir à bola!", não é ver futebol, apreciar o futebol e falar em transições, basculações e outras "ões", que tiram o verdadeiro valor da bola. Daquilo que nos faz andar quilómetros para vermos o clube de eleição, das discussões à segunda-feira inconsequentes à espera de uma segunda volta na segunda-feira seguinte. É isso o "Ir à bola!".
E lembro-me bem onde foi. Ao Estádio do Restelo. Como na altura morava mais com os meus avós do que com os meus pais, o meu avô materno lembrou-se de me levar de Algés ao Restelo, a pé. Para ver o Benfica. A meio do caminho, a compra da bandeira, em vermelho vivo, com um pau de madeira, tendo o símbolo do clube rodeado por uma coroa de louros em tons amarelados, como que a prestar homenagem a um imperador, que neste caso, era representado pelo símbolo do maior clube português.
De caminho e em passo apressado, tentava descobrir o que é que, para além de mim e do meu avô, aquelas pessoas ao meu lado, faziam em 1984, num domingo à tarde, a subir a Av. das Descobertas com o objectivo de ver um jogo de futebol e qual a importância. Obviamente, que celebrei o golo de Maniche e vi o Belenenses empatar. Mas o objectivo das pessoas, só senti dois anos mais tarde.
E com o mesmo avô, com a ainda sua "doença" vermelha, nos pusemos a caminho do Estádio da Luz, para vermos a meia-final da Taça dos Campeões Europeus (só lá jogavam os Campeões) contra o Steaua de Bucareste, é que senti o mesmo que as outras pessoas.
Os dois golos do Rui Águas, a informação no placard electrónico de que, ao intervalo, o PSV estava em vantagem perante o Real Madrid na eliminatória, fazendo-nos sonhar no terceiro caneco e as emoções no final do jogo, com os festejos, fizeram com que tomasse a decisão que ainda não tinha tomado: ser do Benfica!
E entender que para ser do Benfica, era preciso ser mais do que festejar, era necessário ganhar, e se não fosse por mais de 4, era porque a nossa exigência era fraca e ficaríamos habituados a pouco, diminuindo assim a nossa exigência.
É por isso que mesmo que o Benfica ganhe e bem, há sempre algo que tem de ser mudado. Há sempre algo para acrescentar, porque a goleada não foi à Benfica.
É esse o ADN!
É esse o espírito!

2 comments:

Rui Pinho said...

Belo espaço, boa apresentação, bom texto!
Força!

Cumprimentos,
Benfica Sempre!

Anonymous said...

como post de começo está 5 estrelas!!!

Viva o GLORIOSO



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